o que fazer?
* Andre Pereira Neto e Letícia Barbosa
O mundo presenciou nos últimos anos uma intensa e radical transformação tecnológica que tem, entre outras consequências, proporcionado o crescimento acentuado do acesso à informação. Além disso, o próprio indivíduo pode produzir informações, organizando seu próprio site, blog ou Facebook. Há mais informação disponível e ela é, cada vez mais, fácil e rapidamente acessível graças ao advento e expansão das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, sobretudo, com a popularização dos smartphones.
A expansão destas tecnologias alcançou um potencial inimaginável há poucos anos. As pessoas que nasceram na década de 1950 ficam surpresas diante da velocidade dos acontecimentos relacionados à expansão das tecnologias de informação. Afinal, há 70 anos seria praticamente inconcebível ter em mãos um aparelho que, com apenas um toque, pode conectar você de modo instantâneo a uma pessoa que está do outro lado do mundo
A saúde é uma das áreas onde existe uma crescente e diversificada quantidade de informação sendo disponibilizada, seja em blogs, sites governamentais, páginas corporativas ou redes digitais. A popularização da prática de pesquisar e compartilhar informações sobre sintomas, diagnóstico, profilaxia e tratamento de uma determinada doença entre usuários da Web contribuiu para a emergência do expertpatient: um novo ator social que tem interferido na relação médico/paciente e no cuidado em saúde. Assim, tem sido cada vez mais comum um médico receber em seu consultório um paciente que está informado sobre sua doença, medicamento ou diagnóstico: isto é, um expert patient.
O que fazer nesta hora? A resposta dos médicos a este novo ator social oscila entre preocupação, hostilidade e celebração.
O expertpatient pode desempenhar um papel proativo no cuidado de sua saúde, tornando-se menos propenso a aceitar ordens e decisões médicas de forma passiva. A relação médico/paciente vertical, unilateral e cindida parece ter poucas condições de sobreviver dentro desse quadro.
A informação obtida na Internet pode ser vista como um fator de ajuda na relação médico/paciente, uma vez que pode contribuir para a adesão ao tratamento, o autocuidado e autogestão do quadro clínico Iniciativas públicas, corporativas e até mesmo individuais esforçam-se em criar sites com informações confiáveis, certificadas por agências avaliadoras internacionais. Porém, a qualidade da informação on-line sobre saúde ainda é um desafio. Desse modo, programas de formação de expert patient popularizam-se em diversos países, ofertando aos portadores de doenças crônicas um espaço informacional confiável que os ajude a lidar física e emocionalmente com sua condição.
* Andre Pereira Neto e Letícia Barbosa são do “Laboratório Internet, Saúde e Sociedade”, Centro de Saúde Escola Germano Sinval de Faria da Escola Nacional de Saúde Publica da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.
Conheça mais sobre as colunas do Saúde Debate