O tratamento padrão para pacientes com diagnóstico de câncer de colo uterino localmente avançado é multimodal, baseado em radioquimioterapia com emprego de platina, seguido de braquiterapia adaptativa guiada por imagem, sendo a morbidade vaginal pós-tratamento oncológico temática de discussão para saúde vaginal e seguimento ambulatorial. O uso de dilatadores vaginais e/ou atividade sexual é amplamente recomendado. No entanto, as taxas de adesão ao uso de dilatadores vaginais são consistentemente baixas, já no primeiro ano de uso recomendado.
Kirchheiner e colaboradores desenvolveram uma investigação clínica, observacional, com uma subcoorte multicêntrica do trial EMBRACE-1, incluindo 882 pacientes com diagnóstico de câncer de colo uterino (FIGO: IB a IVA) tratadas com teleterapia (seja por técnica tridimensional ou de intensidade modulada) na dose entre 45-50 Gy concomitante à quimioterapia baseada em cisplatina, seguida de braquiterapia adaptativa guiada por imagem (seja com alta taxa de dose ou dose pulsada), com o intuito de mensurar o uso regular de dilatadores vaginais e/ou atividade sexual, a morbidade vaginal e os fatores associados. As pacientes foram avaliadas prospectivamente no início e durante os seguimentos regulares do estudo. O estudo teve um tempo mediano de seguimento de 60 meses.
Cerca de 38% das pacientes relataram que não faziam uso regular de dilatadores vaginais e de atividade sexual, sendo associado a um risco de 37% de desenvolvimento de estenose vaginal grau ≥2 em até 5 anos (p=0,001). Contudo, a prática regular de dilatação vaginal foi associada a maior morbidade vaginal, tais como sangramento e sintomas de ressecamento vaginal (p=0,001 e p=0,028, respectivamente), sem risco maior de toxicidade grau ≥2. Fatores como extensão tumoral, dose de prescrição de teleterapia >46 Gy e dose cumulativa do ponto de referência retovaginal foram associados ao risco aumentado de estenose vaginal grau…