Vacinação além da infância: imunização de adultos e idosos ainda é um desafio

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(Foto: Freepik)

A vacinação de adultos e idosos ainda é um desafio no Brasil. Apesar do Sistema Único de Saúde (SUS) oferecer gratuitamente vacinas contra diversas doenças e imunizantes contra doenças graves também estarem disponíveis na rede particular, como para prevenção do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e do herpes zoster, pessoas dessas faixas etárias ainda não tem o hábito de se imunizar por diversas razões, como falta de conhecimento do calendário vacinal, hesitação ou desinformação. Porém, a partir dos 50 anos, elas podem ser mais suscetíveis a infecções e ao desenvolvimento de doenças devido a um processo chamado imunossenescência – uma alteração na imunidade relacionada ao envelhecimento, que começa aos 28 anos e se intensifica com o tempo.

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“Com o passar dos anos, nosso sistema imunológico naturalmente enfraquece e se torna menos capaz de enfrentar infecções oportunistas. Ainda assim, adultos e idosos parecem não saber que existe um calendário vacinal dedicado a eles e que a imunização é um dos pilares básicos para atingir a longevidade de forma saudável, pois as vacinas previnem o surgimento de doenças, que podem causar sequelas graves ou até mesmo óbito. Muitas pessoas ainda acham que as vacinas são recomendadas apenas para crianças, mas elas são uma ferramenta essencial para proteção da saúde de adultos e idosos também. Por isso, é sempre importante conscientizar sobre os benefícios da vacinação para a saúde da população em geral”, afirma a infectologista Lessandra Michelin, líder médica de vacinas da GSK.

O Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, oferece gratuitamente, para adultos e idosos, vacinas contra influenza, difteria e tétano (dT), hepatite B, febre amarela e COVID-19, que são recomendadas de acordo com a idade do indivíduo, seu histórico vacinal e presença de comorbidades, entre outros fatores. Já na rede privada, estão disponíveis imunizantes contra VSR; herpes zoster; doença pneumocócica (VPC13, VPC15, VPC20 e VPP23); e difteria, tétano e coqueluche (dTpa ou dTpa-VIP), além de vacinas recomendadas para situações especiais, como hepatite A e B, doença meningocócica ACWY e B, e tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola).

Idosos são mais suscetíveis a infecções

Um dos vírus que pode ser prejudicial para adultos e idosos é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que costuma acometer principalmente os extremos de faixa etária, ou seja, crianças pequenas e idosos. Em crianças, ele é conhecido por causar bronquiolite, já nos idosos, provoca sintomas parecidos com um resfriado, como febre, tosse, coriza, dor de garganta, dor de cabeça e mal-estar, mas pode evoluir para doenças mais graves, como pneumonia, ou até mesmo levar a óbito.

Os idosos que convivem com crianças devem ter ainda mais atenção ao VSR. Os pequenos são frequentemente expostos ao VSR em ambientes como creches, escolas e parquinhos e podem transmitir o vírus para outros membros da família, como os avós, por isso, esses idosos têm mais chances de apresentar a infecção respiratória por VSR. Além disso, uma pessoa infectada pelo VSR pode começar a transmiti-lo até dois dias antes de apresentar algum sintoma, e é possível transmitir a infecção por oito dias ou mais, dependendo do estado de imunodepressão de quem transmite. Já crianças em idade escolar são responsáveis por cerca de 54% a 73% das infecções domiciliares, além de aumentar consideravelmente o risco de reinfecção de um adulto em contato próximo. Somente em 2024, mais de 45% dos casos reportados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil foram causadas por VSR.

Mais sobre o VSR e seus impactos

De acordo com dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos, a infecção pelo VSR leva a aproximadamente de 60 mil a 160 mil hospitalizações e de 6 mil a 10 mil óbitos, em adultos com 60 anos ou mais, anualmente. “Apesar dos números altos, o VSR ainda é subnotificado. Como seus sintomas e tratamento são semelhantes a outras infecções respiratórias, ele é pouco testado. A maioria dos pacientes costuma se recuperar em uma semana, mas, pessoas com 60 anos ou mais, podem ter uma recuperação mais lenta, além de terem mais riscos de perda de qualidade de vida”, explica Lessandra.

A transmissão do VSR acontece por meio de gotículas expelidas durante a fala, tosse ou espirro e contato com superfícies contaminadas. A fase contagiosa dura de 3 a 8 dias, mas, algumas pessoas, especialmente aquelas com um sistema imunológico enfraquecido, podem transmitir o vírus por até 4 semanas. Idosos com comorbidades, como diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma e insuficiência cardíaca congestiva (ICC), possuem ainda mais riscos, podendo apresentar complicações graves.

A vacinação é considerada uma importante forma de prevenção contra a infecção causada pelo VSR, conforme ressaltam a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Além da vacinação, outras medidas também podem ajudar a prevenir o contágio e a transmissão do VSR, como lavar as mãos frequentemente; evitar tocar no rosto, nos olhos, nariz e boca; cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar; evitar contato próximo com pessoas doentes; limpar e desinfetar superfícies tocadas com frequência; e permanecer em casa quando estiver doente.

*Informações Assessoria de Imprensa