No Brasil, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço no mercado de trabalho e na educação, além de desempenharem papéis fundamentais na família e na sociedade. No entanto, quando o assunto é planejamento reprodutivo, muitas ainda enfrentam desafios significativos, como a falta de acesso a informações claras e detalhadas sobre fertilidade.
Nesse contexto, uma pesquisa encomendada pela farmacêutica Merck e conduzida pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), entrevistou 550 mulheres das classes A, B e C e abordou o conhecimento sobre infertilidade, preservação da fertilidade e alternativas de tratamento. A partir do levantamento, foi revelado que, apesar de 88% das brasileiras entre 25 e 45 anos conhecerem métodos contraceptivos, apenas 58% compreendem sobre o tema. Além disso, 55% desconhecem procedimentos como o congelamento de óvulos e embriões, evidenciando lacunas na compreensão sobre as opções de preservação.
“Ampliar o diálogo sobre a saúde feminina e o planejamento reprodutivo é essencial para dar às mulheres brasileiras informações que lhes permitam tomar decisões mais conscientes e seguras sobre o futuro”, afirma Oscar Duarte, diretor médico do Fertgroup, grupo de clínicas referência em Medicina Reprodutiva no Brasil e na América Latina.
De acordo com o estudo, os números evidenciam maior familiaridade das entrevistadas com três conjuntos de procedimentos: fertilização in vitro (72%), inseminação artificial (71%) e congelamento de óvulos (74%). Já em relação aos tratamentos de preservação da fertilidade em casos de câncer, a falta de conscientização é ainda maior — 86% das mulheres declaram ter pouco ou nenhum conhecimento sobre alternativas de oncopreservação.
Aconselhamento médico e acesso
Segundo Oscar Duarte, falar sobre as opções de preservação da fertilidade é um dever dos profissionais da saúde, especialmente no caso da oncopreservação, que está disponível no SUS. “Este recurso pode oferecer esperança e possibilidade de planejamento familiar para mulheres que enfrentam o câncer. Mas, infelizmente, ainda é pouco divulgado”.
A pesquisa conduzida pelo Ipec revelou que, entre as mulheres que já realizaram algum procedimento de fertilidade, 55% consideraram que buscaram auxílio médico tarde demais. Esse dado reflete a falta de diálogo sobre o tema, já que apenas 5% discutiram tratamentos para infertilidade com seus ginecologistas. Por outro lado, entre as mulheres que realizaram planejamento reprodutivo, 79% relataram uma comunicação aberta com seus médicos, e 50% participaram ativamente das decisões ao longo do tratamento.
“Esses dados refletem uma realidade preocupante: a falta de conversa aberta sobre fertilidade entre as pacientes e seus médicos, o que pode levar a decisões tomadas tardiamente”, alerta o diretor médico, que complementa frisando a importância de abordagens mais proativas, “provendo autonomia para que elas se sintam mais instruídas e informadas a tomar decisões conscientes, alinhadas aos seus objetivos de vida e planejamento reprodutivo”.
Por outro lado, muitas mulheres ainda não buscam se informar sobre as possibilidades de acesso aos tratamentos de fertilidade. A pesquisa indicou que 47% das entrevistadas apontam questões financeiras como a principal barreira, 25% citam dificuldade de acesso no serviço público e 21% mencionam a ausência de cobertura por planos de saúde. Apesar de 70% delas terem afirmado que o tratamento para fertilidade é totalmente inacessível ou inacessível, 90% nunca solicitaram um orçamento, entre pessoas das classes A/B e C.
O especialista aponta que o acesso ao tratamento de fertilidade segue sendo um desafio no Brasil. “No entanto, a busca por soluções mais acessíveis, como benefícios corporativos para planejamento reprodutivo, tem se tornado uma alternativa importante para reduzir o impacto financeiro desses tratamentos”, conclui.
*Informações Assessoria de Imprensa