Investir na saúde mental dos colaboradores: um compromisso sério que inclui períodos pós-tragédias

(Foto: Freepik)

É fato que a saúde mental no ambiente de trabalho não é uma tendência passageira e venho repetindo isso há um tempo. Essa é, sim, uma questão permanente e essencial para o sucesso organizacional. Posso dizer até que quem ignora essa realidade pode colocar em risco não apenas a saúde dos colaboradores, mas também da própria empresa. Sendo assim, o cuidado com o bem-estar emocional desse público deve ser uma prioridade contínua e isso é inadiável.

O recente contexto das enchentes no Rio Grande do Sul evidencia ainda mais essa necessidade. Há quase dois meses acompanhamos as notícias de uma tragédia sem precedentes, em que os envolvidos podem ser funcionários de qualquer empresa. Muitos deles perderam tudo e terão que recomeçar suas vidas, deixando para trás tudo o que construíram até então. E os números confirmam. Segundo dados já levantados de uma pesquisa em andamento, idealizada pela UFRGS com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, a população realmente tem esse sentimento: quase 50% dos entrevistados apresentaram sinais de depressão. Nesse panorama, os empregadores têm um papel fundamental em fornecer suporte para ajudar os funcionários a lidar com os traumas e a recomeçar – é importante lembrar que muitas vezes esse é o único suporte que muitos deles terão.

As empresas podem oferecer ajuda de diversas formas. Para aquelas que não possuem estrutura interna para dar apoio psicológico às suas equipes, a terceirização desse serviço é uma solução viável. Canais de escuta especializados em apoio às vítimas de catástrofes proporcionam uma atmosfera segura àqueles que estão passando por essa situação. Importante mencionar que esse tipo de solução pode incluir também assistência financeira, jurídica e social, todas elas fundamentais para o equilíbrio da mente. E quando esse apoio é estendido aos familiares, podemos dizer que o benefício é ainda mais completo, pois o trabalhador se sentirá mais acolhido sabendo que todos estão amparados, viabilizando que juntos foquem no recomeço. Tenho acompanhado a implementação e a prestação desse tipo de serviço, com o Pluxee Cuida, e vejo resultados muito satisfatórios, tanto para o contratante como para os beneficiados – funcionários e familiares.

Além disso, é fundamental lembrar que as vítimas de tragédias precisam também de todo tipo de suporte material. As mobilizações no ambiente de trabalho são constantes e intensas, com arrecadação de doações, mas também de pessoas que têm interesse em se voluntariar – os voluntários para a limpeza das casas, durante o período de reconstrução das cidades, por exemplo, fornecem uma ajuda essencial. Esse tipo de ação comunitária é uma via dupla: além de ajudar na reconstrução de áreas devastadas, reforça o espírito de solidariedade, apoio mútuo e trabalho em grupo entre os colaboradores.

Flexibilidade no trabalho, ausências combinadas, ajustes nos prazos e um ambiente de compreensão também podem fazer uma grande diferença na recuperação emocional dos colaboradores. O impacto das experiências negativas relacionadas às perdas, como as que envolvem uma enchente, pode ser profundo e duradouro. Ao oferecer apoio emocional e psicológico, empregadores ajudam as pessoas a lidarem com o trauma e possibilitam um recomeço com dignidade. Demonstrar compreensão e suporte no local de trabalho reforça a confiança e a lealdade do público interno, fortalecendo a segurança psicológica e a cultura organizacional.

 

*Fabiana Galetol é Diretora Executiva de Pessoas e Responsabilidade Social Corporativa da Pluxee no Brasil. A executiva acumula passagens pelas áreas de RH, comunicação interna e externa, gestão de marca/publicidade e canais de distribuição, com vivência internacional nos Estados Unidos e países da América Latina. Possui vasta experiência em negócios, direcionamento estratégico, aconselhamento e planejamento de gestão de pessoas. Antes da Pluxee, atuou como Head de Comunicação na IBM Brasil, empresa onde permaneceu por mais de 29 anos. Formada em Economia pela Universidade Federal Fluminense, Fabiana também é pós-graduada em Comércio Internacional pela Fundação Getúlio Vargas e Marketing pelo IBMEC. É mentora voluntária na Leading.Zone, startup de desenvolvimento humano

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