Campanha alerta sobre riscos de descarte inadequado de agulhas utilizadas em tratamento domiciliar

“Pesquisas mostram que grande parte das pessoas que fazem uso de medicamentos injetáveis não segue as recomendações para o descarte seguro dos resíduos gerados, o que ocorre, em grande parte, por falta de conhecimento dos riscos envolvidos, e até mesmo por falta de informação e estímulo para o descarte correto”, revela a médica endocrinologista Daniele Tokars Zaninelli, presidente da Associação SEMPR Amigos.

Ela explica que orientar a população sobre a importância de tomar os devidos cuidados para o descarte adequado de agulhas usadas no tratamento do diabetes e outras patologias em domicílio se associa à redução significativa dos erros no descarte, e, consequentemente, de acidentes.

 

Para a médica, campanhas informativas podem contribuir com a melhora da saúde pública por meio de educação da população, que também é responsável pelos cuidados essenciais à preservação da saúde e do meio ambiente. Por isso, para alertar a população sobre os cuidados necessários, a Associação SEMPR Amigos, com o apoio da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Sociedade Brasileira de Endocrinologia Regional Paraná (SBEM-PR), Associação Paranaense de Hepatologia (APH) e Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), criou a campanha pública “Agulha no lixo é um perigo”.

 

“O descarte inadequado de agulhas usadas no tratamento e monitoramento do diabetes e outras patologias pode causar, além de ferimentos acidentais, a propagação de doenças infecciosas como Hepatite B, Hepatite C e AIDS, colocando em risco tanto as pessoas que convivem com indivíduos que usam medicamentos injetáveis como os trabalhadores (formais e informais) que coletam ou manipulam o lixo gerado em domicílio”, destaca a presidente da Associação SEMPR Amigos

Segundo ela, cada vez que uma pessoa sofre um ferimento por uma agulha potencialmente contaminada, deve receber atendimento de emergência para avaliar a necessidade de realizar testes sorológicos e de usar medicamentos para a prevenção da infecção pelo HIV, por exemplo, o que pode trazer sérios efeitos colaterais. E o problema não acaba aí, pois de acordo com a médica, existe um período de ‘janela imunológica’ (seis meses) onde algum problema ainda pode ser identificado. “Isso gera, além dos gastos públicos com o diagnóstico e eventual tratamento de doenças decorrentes do acidente, grande desgaste emocional não só da pessoa como da família”, ressalta.

Panorama do diabetes

No Brasil há cerca de 18 milhões de pessoas com diabetes, sendo que uma parcela significativa faz uso de insulina. “Não há dados indicando um número exato, mas algumas estimativas falam em pelo menos um milhão de usuários de insulina em nosso país”, salienta a endocrinologista.

“Considerando que as agulhas de insulina devem ter uso único, e que muitos pacientes podem precisar de cerca de quatro a cinco injeções ao dia, além de realizar testes de glicemia capilar para o automonitoramento da doença até sete vezes ao dia, pode-se imaginar quanto material perfurocortante com potencial infectante – composto por agulhas, lancetas, fitas reativas e outros insumos é produzido diariamente”, destaca a médica.

Daniele comenta também, que outro fator a se considerar é que a frequência de hepatite C é maior em pessoas com diabetes, e o descarte inadequado do material pode ser uma fonte contínua de contaminação de quem está em contato com o lixo.