Começa no dia 21 de agosto um importante curso de avaliação e abordagem de pessoas com dor, orientado à realidade, à formação e aos paradigmas próprios da Atenção Primária à Saúde. Organizado pelo Grupo de Trabalho em Dor (GTDor) da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), o Curso de Dor na APS se divide em duas diferentes experiências.
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Quinzenalmente, sempre às segundas-feiras, aulas online, gravadas e gratuitas a todos os interessados serão disponibilizadas no canal da SBMFC no YouTube, entre 21 de agosto de 2023 e 19 de agosto de 2024. Com conteúdo atual, reflexivo, prático e acessível, cada uma das 25 aulas ministradas por executivos do GTDor terá 20 minutos de exposição e 40 de discussão, entre 20h e 21h (horário de Brasília), totalizando 50 horas de curso acessíveis para revisão durante todo o período.
Em outro braço do curso, na forma de um projeto de extensão, cerca de 30 profissionais da APS de nível superior, comprometidos com a multiplicação de discussões e treinamentos no tema, serão selecionados e acompanhados por um grupo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em cooperação com o GTDor. O edital com todos os critérios de seleção e avaliação está disponível no link bit.ly/47ce8gg, e a inscrição deve ser feita através do formulário disponível em bit.ly/3QzjWuL até o dia 14 de agosto. Já são mais de 400 inscritos.
“Trata-se de uma área que sempre despertou o interesse dos médicos de família e comunidade e dos profissionais que atuam na APS em geral”, conta Alfredo de Oliveira Neto, coordenador do grupo de trabalho. “As jornadas práticas que o GTDor organiza costumam ficar lotadas, bem como os congressos em que o tema é abordado. Acredito que isso se deve à lacuna que existe na graduação e na residência médica. As pessoas se frustram dentro dos consultórios ao perceber que têm poucas ferramentas para lidar com a dor comumente crônica dos pacientes. Nosso curso, portanto, vem em boa hora.”
“Enquanto não promovemos capacitações regionais”, complementa Marcos Paulo Veloso Correia, idealizador do curso, “essa foi a maneira que encontramos de abarcar um número grande de pessoas e sensibilizá-las. Também é uma oportunidade de estar em contato com colegas que não são MFCs. Queremos dialogar com todos os profissionais da atenção primária, pensando em sua natureza biopsicossocial. Valorizamos a transdisciplinaridade”.
Segundo o dr. Alfredo, o curso ainda orientará os profissionais que desejam integrar o grupo de trabalho. “Pretendemos uniformizar nosso discurso, deixando registrado aquilo que entendemos que é importante para a avaliação e a abordagem da dor na APS. Assim, os 30 selecionados para o projeto de extensão já terão uma base sólida ao entrar no GTDor. Poderão ser membros ativos do grupo.”
Estrutura
Cinco seções divididas em módulos compõem o cronograma de atividades do curso, que pode ser conferido no edital: conceitos; outros componentes nociceptivos & componente neuropático; dores regionais; abordagens medicamentosas; e abordagens não-medicamentosas. Entre os módulos, citamos “Abordagem da dor miofascial como instrumento semiológico”, “Dor relacionada a câncer”, “Dor pélvica”, “Medicações para dor aguda/agudizada” e “Abordagens cognitivo-comportamentais e psicologia/psiquiatria: quando priorizar/encaminhar?”.
O dr. Alfredo destaca o manejo da síndrome de dor miofascial a ser tratada na primeira seção. “Ela é a causa mais comum de dor mecânica. E esse tipo de manejo, que está ligado à sensibilização do sistema nervoso central, à formação de pontos gatilhos musculares, pode ser feito dentro do consultório da APS. É o que os profissionais mais procuram.”
Nesta primeira edição, como o curso será aberto, não haverá controle de frequência ou certificado de conclusão. A aprovação na extensão, por outro lado, dará direito a certificado da UFRJ.
Dor
O principal sofrimento que leva um paciente a buscar a atenção primária é a dor, explica o dr. Marcos. Ele lembra que de acordo com a Associação Internacional para o Estudo da Dor (International Association for the Study of Pain, IASP), ela é definida como uma experiência sensitiva emocional desagradável associada a um dano tecidual ou potencial, ou descrita em termos de tal dano, e as consequências que traz para a saúde física e emocional do indivíduo são inúmeras.
“Se não cuidamos da dor que o paciente relata sentir, não somos capazes de formar vínculos, de estabelecer com ele uma relação que permita tratar de outros problemas. Por isso, na APS, primamos pelo uso de uma linguagem mais acessível, pela proximidade, pela humanidade, enfim. Sem um bom trabalho na base, a atenção secundária, a atenção terciária são prejudicadas”, pondera.
Curso de Dor na APS
Quando: de 21 de agosto de 2023 a 19 de agosto de 2024
Edital: bit.ly/47ce8gg
Formulário de seleção para participação no curso de extensão da UFRJ: bit.ly/3QzjWuL
*Informações Assessoria de Imprensa