A cada 10 segundos uma pessoa é infectada pelo vírus da hepatite no mundo. Devido a relevância para a saúde pública, desde o ano de 2010, a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza o dia 28 de julho como o Dia Mundial de Combate à Hepatite. O tema da campanha deste ano é “Uma vida, um fígado”, dando ênfase a esse inimigo silencioso que devasta mais de um milhão de vidas a cada ano no mundo inteiro.
Estimativas da OMS trazem as hepatites B e C como responsáveis por oito mil novas infecções diariamente. No Brasil, há prevalência dos tipos C, B e A, com 718.651 casos de hepatites virais confirmados no período de 2000 a 2021, sendo a via sexual apontada como a principal fonte ou mecanismo provável de infecção.
Em sua maioria a doença é assintomática, ou seja, o indivíduo nem sabe que está infectado. Quando manifesta algum sintoma, são geralmente leves e confundidos com outras doenças. Pode ocorrer febre, mal-estar, perda do apetite, diarreia, náusea, desconforto abdominal, urina escurecida e icterícia (pele e escleras amareladas). Essa característica impacta no diagnóstico e tratamento, visto que a forma crônica, representa 72,9% dos casos no país.
Essa silenciosa progressão pode evoluir para infecção crônica do fígado, cirrose e câncer hepático, com risco de morte caso não seja realizado um transplante do órgão afetado. Estima-se que mais de 60% casos de cirrose hepática e câncer primário de fígado sejam causados pelos vírus das hepatites B e C.
Se ela é silenciosa, como podemos nos proteger? Há testes diagnósticos que são ofertados de maneira gratuita pelo Sistema Único de Saúde; vacinas seguras e eficazes para prevenir as Hepatites A e B; e no caso das infecções diagnosticadas, há tratamento com antirretrovirais, que impacta no desenvolvimento da cirrose e reduz a chance de câncer de fígado, podendo chegar a mais de 95% de cura.
Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) apontam uma situação alarmante quanto ao diagnóstico e tratamento dos principais tipos de Hepatites na região das Américas, sendo que o diagnóstico das pessoas com hepatite B e C representam apenas 18% e 22%, respectivamente do quantitativo de pessoas que vivem com a doença. Quanto ao tratamento desses indivíduos diagnosticados, os números se reduzem para 3% no caso de infectados com Hepatite B e 18% na Hepatite C. O estado do Paraná, tanto em casos de Hepatite B como C, fica entre os dez estados com maior número de casos, se mantendo próximo ou acima da média nacional (5,2 a cada 100 mil habitantes).
Medidas como campanhas educativas de conscientização sobre a doença, diagnóstico e tratamento oportuno, bem como vacinação, são apontados pela OMS como estratégias que poderiam evitar cerca de 4,5 milhões de disfunções hepáticas decorrentes da doença em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Além disso, é essencial a orientação e conscientização sobre o uso indiscriminado de medicamentos, bem como o uso de preservativo e difusão de informações sobre a prática de sexo seguro. Diante desses dados, faça sua parte, aproveite o mês de combate à Hepatite para colocar seus exames em dia e propagar informações sobre a doença.
*Deisi Cristine Forlin Benedet é Coordenadora do curso de Bacharelado em Enfermagem no Centro Uninversitário Internacional Uninter. Bacharel e Licenciada em Enfermagem. Especialista em Enfermagem Ginecológica e Obstétrica. Mestre em Ciências e Doutora em Enfermagem.
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