O presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), César Eduardo Fernandes, coordenou o debate do último painel do XIV Encontro Nacional das Entidades Médicas (ENEM) sobre remuneração médica no setor de saúde suplementar. O evento encerra-se nesta sexta-feira com a aprovação pela plenária de propostas e moções pelos cerca de 300 delegados participantes. O ponto convergente das três palestras proferidas sobre o tema foi o achatamento dos valores pagos pelas empresas do setor aos médicos ao longo dos anos, abaixo da inflação.
O representante da AMB, o diretor da Associação Paulista de Medicina, o professor universitário Florisval Meinão, afirmou em sua palestra que a categoria sofre precarização da remuneração recebida das operadoras de planos de saúde em virtude de normas atuais desfavoráveis. Ele defendeu a união das entidades médicas – associações, federações, sindicatos e conselhos – para instituição de comissões estaduais mistas para negociar melhores reajustes.
Conforme Meinão, a consulta recebida dos planos de saúde deveria estar entre R$ 140 e R$ 150 se fosse considerada somente a reposição inflacionária desde o Plano Real (1995), o que não reflete o aumento real do custo de outras variáveis médicas. Ele alertou que os valores dos procedimentos médicos estão ainda mais defasados, entre 30% e 40%, em relação às consultas já baixas. “Com a estratégia de centrar as correções nas consultas, as operadoras não reajustam os procedimentos no mesmo patamar”, afirmou.
Tabela referencial da AMB
Na sua apresentação, o especialista mostrou a resistência das autoridades públicas e das empresas de planos de saúde ao longo do tempo em relação à instituição de uma tabela de valores de remuneração para a categoria. Até que em 2003 a AMB editou tabela referencial de valores – Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) – que estabelece…