É nítida a evolução do acesso ao ensino superior vista no Brasil a partir do ano 2000, após avanços em políticas públicas e mudança dos paradigmas enraizados na premissa de que somente pessoas de classe média e alta conseguiria estudar em faculdades, bem como maior sensibilização e conscientização das novas gerações frente à necessidade de um ensino não só profissionalizante, mas que possibilitasse o vislumbre de uma carreira promissora, sólida e com benefícios.
No entanto e, ainda assim, o acesso ao ensino superior no Brasil continua aquém do que poderia ser considerado ideal. Segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 32,7% dos jovens de 18 a 24 anos acessam o ensino superior em nosso país. Dentre tantos enfrentamentos diários que os brasileiros precisam passar, o acesso à educação superior ainda continua sendo um gargalo, ladeado por uma outra necessidade básica de todo cidadão, que é o acesso à saúde.
Sem dúvida, a pandemia que assola o mundo nos últimos dois anos acabou por lançar luz aos problemas da saúde em países subdesenvolvidos. Aqui no Brasil não foi diferente. Hospitais superlotados, falta de estrutura, falta de insumos, mas principalmente, falta de pessoal qualificado para as intervenções. Segundo dados do IBGE, em 2017 havia um médico para cada 953,3 habitantes na região Norte do Brasil. Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) revelam que, numa média geral, existem 17 médicos para cada 10 mil habitantes em nosso país, enquanto na Europa essa média é de 33 médicos.
Esses dados mostram a realidade da necessidade de profissionalização na área da saúde, não somente no curso de Medicina, mas em todo o eixo de profissões inerentes o atendimento das necessidades básicas da população. Para que isso ocorra, o acesso ao ensino superior é mandatório. Se faz necessário a possibilitação do ensino superior para que haja incremento de profissionais capacitados a promover saúde em suas comunidades.
A modalidade de Ensino a Distância (EAD) ao longo dos anos mostra efetividade onde se insere, porém, durante a pandemia, o mundo conheceu de fato a capacidade e abrangência das ferramentas tecnológicas e do EAD frente as necessidades do processo de ensino e de aprendizagem por meios digitais, aliado ao fator humano da adaptação ao cenário enfrentado. Soma-se a isso o fato de possibilitar também a concretização dos direitos fundamentais da cidadania social, em específico, para pessoas deficientes que ficam sujeitas a limitações de inserção em ambientes de ensino e de aprendizagem ou daqueles sujeitos que moram em comunidades isoladas e que sonham com a formação superior.
Sem desrespeitar as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN’s) dos cursos estabelecidas pelo Ministério da Educação, no quesito carga horária, a modalidade EAD possibilita maior flexibilidade no aprendizado teórico, possibilitando as mesmas condições àqueles que possuem limitações geográficas e/ou financeiras e que comprometendo o deslocamento até o local das aulas.
Cada instituição de educação superior também desenvolve os requisitos necessários à aprendizagem prática, disponibilizando laboratórios, equipamentos e insumos condizentes com o que se exige, porém, com uma maior facilitação de agenda de aulas, encontros e visitas técnicas presencialmente.
É reconhecida a necessidade da aprendizagem prática, principalmente em cursos da área da saúde. No ensino a distância isso não é deixado de lado. Toda a grade curricular é elaborada pensando no perfil do egresso inserido naquela realidade e atendendo o que se pede nas DCN’s, priorizando o atendimento à demanda do aluno por conhecimento que deve ser absorvido “pela ponta dos dedos”.
A sociedade atual, classificada pelos pesquisadores como a “sociedade da informação e do conhecimento”, abriu-se a uma nova forma de trabalhar, de se comunicar e de se relacionar, bem como de ensinar e aprender. O crítico da escola tradicional, John Dewey vê na escola o instrumento ideal para estender a todos os indivíduos os seus benefícios, tendo a educação uma função democratizadora de igualar as oportunidades. Sob este prisma, o Ensino a Distância, independentemente da área, oferta a possibilidade da democratização da educação de qualidade com vistas à inclusão social.
(Foto: Divulgação)
*Marivaldo da Silva Oliveira é Médico Veterinário, doutorando em Biociência Animal e coordenador do curso de bacharelado em Medicina Veterinária da Escola Superior de Saúde, Biociências, Meio Ambiente e Humanidades do Centro Universitário Internacional UNINTER
Leia outros artigos publicados no Saúde Debate
<
p class=”ql-align-justify”>Conheça também os colunistas do Saúde Debate