Em um ano, hospital de Curitiba atende mais de 650 crianças e adolescentes vítimas de violência | FEMIPA


Trazida pela mãe, uma menina de menos de 6 anos de idade chega à unidade de pronto-atendimento pediátrica por conta de suspeita de estupro. A narrativa infelizmente é comum no maior hospital exclusivamente pediátrico do Brasil, o Pequeno Príncipe, de Curitiba (PR). Todos os anos, a instituição recebe crianças e adolescentes vítimas de vários tipos de violência: sexual, física, psicológica, negligência ou autolesão. Em 2022, foram 652 atendimentos – um crescimento de 5,5% em relação aos dados de 2021. A criança mais nova atendida por negligência foi um bebê de apenas 17 dias.

A pouca idade das crianças atendidas no Hospital é um dos dados alarmantes de 2022: 63% delas estavam na primeira infância, ou seja, tinham até 6 anos. Nos casos de violência sexual, que mais uma vez foi a predominante, com 375 dos atendimentos realizados, 69% das vítimas estavam nessa mesma faixa etária. Outro dado que se repetiu em relação a esse tipo de violência é o sexo da criança. A maioria era menina: 79% do total. Além disso, o lugar onde as vítimas mais sofrem o abuso sexual é dentro da própria casa. Entre os casos registrados em 2022, 185 aconteceram na residência da vítima. Ainda em relação à violência sexual, mais de 90% dos agressores eram do sexo masculino, e o pai era apontado como o principal suspeito.

“Historicamente, em cerca de 80% dos casos de violência, o agressor é alguém do próprio núcleo familiar ou conhecido da família. Ele, normalmente, se aproveita dos vínculos de confiança estabelecidos com a vítima, além do conhecimento da rotina e dos hábitos, para praticar a violência e ficar mais distante da suspeita de tal ato pelos responsáveis. Por isso, é importante observar mudanças no comportamento da criança e adolescente”, analisa a psicóloga Daniela Prestes, do Pequeno Príncipe.

Em segundo lugar nesse trágico ranking está a negligência, quando a atitude de pais ou…



Leia Mais >