Instituto lança plataforma inédita que conecta médicos generalistas com especialistas em hanseníase

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(Foto: Freepik)

A Aliança Contra Hanseníase (AAL, na sigla em inglês – Alliance Against Leprosy) lança de maneira inédita uma plataforma virtual para ajudar os médicos  na condução de casos complexos de hanseníase. Chamada de DOCHansen e financiada pela Ordem de Malta Internacional contra a Hanseníase (CIOMAL), a ferramenta nasceu da Cooperação Técnica da AAL com a Secretaria do Estado da Saúde de Mato Grosso (MT) e funcionará de forma piloto pelos próximos seis meses, realizando uma ponte entre médicos que tenham dúvidas em relação à doença com experientes Hansenologistas brasileiros.

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“A concepção deste projeto foi consequência de nossa atuação no Mato Grosso desde 2019, capacitando mais de 800 profissionais de saúde. Pudemos observar o caráter efêmero do impacto das capacitações. Os médicos encontram-se isolados e têm muitas dúvidas. Sem tutoria, o conhecimento se perde. Aliado à grande rotatividade dos médicos nas unidades de saúde, acreditamos que as Teleinterconsultorias poderão ser de grande impacto para a qualidade no atendimento dos doentes”, comenta Laila de Laguiche, médica hansenologista e presidente da Aliança Contra Hanseníase.

Segundo dados da última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país no mundo com mais casos novos de hanseníase (28.660), ficando apenas atrás da Índia (114.400) no ano de 2021. Apesar da incidência de casos ser alta no Brasil, existe uma carência de especialistas na área. Segundo o médico e embaixador do DOCHansen, Francisco Almeida, “os participantes das capacitações possuíam muitas dúvidas em relação à doença, seu diagnóstico e evolução, além de um crescente número de trocas de informações sensíveis, incluindo imagens de pacientes, em grupos informais de WhatsApp, sendo procedimentos que ferem os preceitos da Ética Médica”.

O DOCHansen funcionará, nesta fase piloto, em nove cidades do Mato Grosso e em uma cidade do Paraná, todas elas previamente escolhidas pela Secretaria Estadual da Saúde no Mato Grosso, e no Paraná, pela 22a. Regional de Saúde de Ivaiporã, com base na quantidade de casos de hanseníase. Em Mato Grosso, são elas: Barra do Garças, Guarantã do Norte, Lucas do Rio Verde, Juara, São José do Rio Claro, Pontal do Araguaia, Alta Floresta, Tangará da Serra e Cuiabá. Na regional do Paraná funcionará em Ivaiporã, que acolhe as necessidades de atendimento médico de municípios circunvizinhos. Estes dois pontos de atuação do DOCHansen no Brasil, poderão funcionar como medida de comparação entre as necessidade de localidades hiperendêmicas (MT) com as de baixa endemia (PR), facilitando o direcionamento de ações futuras do programa. A perspectiva do Instituto é de expansão para todo o território nacional após a fase teste.

Como vai funcionar?

O médico que foi convidado para participar do DOCHansen e tiver cadastro na plataforma Medicina Direta, ao atender a um indivíduo com suspeita de hanseníase ou que se encontre em tratamento, ou que tenha recebido alta estatística, mas que permaneçam em acompanhamento, poderá acessar a plataforma DOCHansen, inserir sua dúvida, por meio do preenchimento de formulários, e, em até 72 horas, receberá a resposta do médico consultor. Todo o contato será realizado via plataforma, evitando o vazamento de informações em grupos sociais sem a proteção de dados sensíveis, que é uma exigência do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Os profissionais que usarão a plataforma estarão localizados, principalmente, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O início das atividades na Plataforma, estará em consonância com as Resoluções do CFM. A ferramenta tecnológica é homologada pela Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) e pelo próprio Conselho de Classe. A equipe de gestores do DOCHansen acredita que, de acordo com a demanda, mais consultores poderão colaborar com a iniciativa. O requisito será a comprovação de atuação na especialidade por pelo menos seis anos ou deter o título de especialista em Hansenologia por no mínimo três anos. O desejo da presidente da Aliança Contra Hanseníase, Laila de Laguiche, é que os médicos consultores, que são especialistas em hanseníase, sejam mais valorizados frente ao mercado de trabalho e tenham uma remuneração por sua atuação no DOCHansen.

Médicos especialistas em hanseníase são essenciais no diagnóstico

De acordo com Francisco Almeida, consultor e embaixador do DOCHansen, e  que também é professor atuante na graduação em Medicina, o “ensino sobre a hanseníase está desaparecendo das grades curriculares, o que faz com que os novos profissionais não tenham conhecimentos sobre a doença. Por isso a importância da iniciativa DOCHansen”.

“A porta de entrada da maioria dos médicos recém-formados e para os pacientes do SUS, permanece sendo a Atenção Primária à Saúde e/ou as emergências. Portanto, é essencial que eles conheçam o agravo para que os pacientes sejam bem conduzidos. A lacuna no conhecimento da complexidade da doença é a principal responsável pela queda no coeficiente de detecção observado ao longo dos anos”, afirma o embaixador do DOCHansen.

Ainda pensando na carência e necessidade de médicos especialistas, a iniciativa, que possui as melhores expectativas quanto a seu funcionamento e auxílio, é uma ferramenta com algumas limitações. “Ainda não há a disponibilidade de um teste laboratorial que substitua um exame físico acurado em todas as formas clínicas da hanseníase, sendo a experiência clínica a única ferramenta que oferece a maior segurança. Além disso, os casos avançados da doença por vezes são de grande complexidade, então, de fato, faz-se necessário o olhar do especialista para um melhor desfecho, minimizando a ocorrência das incapacidades irreversíveis que podem ser decorrentes da hanseníase”, explica Francisco.

*Informações Assessoria de Imprensa

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