As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Mais pessoas morrem todos os anos por essas enfermidades do que por qualquer outro motivo. Atualmente, as doenças cardiovasculares ocorrem predominantemente em países em desenvolvimento. Tanto é que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a cada 90 segundos um brasileiro morre vítima de alguma doença cardiovascular, o que significa 46 mortes por hora e mais de 1.100 vidas perdidas diariamente.
Para se ter ideia, os problemas cardiovasculares provocam o dobro de óbitos do que todos os tipos de câncer juntos, e 2 a 3 vezes mais do que outras causas externas como acidentes e violência. Também representam três vezes mais do que as doenças respiratórias e 6 a 5 vezes mais do que todas as infecções existentes, incluindo a AIDS.
As principais doenças cardiovasculares afetam os vasos sanguíneos responsáveis pela irrigação do músculo cardíaco (doença coronariana), do cérebro (doença cerebrovascular) e dos membros superiores e inferiores (doença arterial periférica). Além disso, as enfermidades que afetam o coração também podem ser causadas pela febre reumática (doença cardíaca reumática), malformações na estrutura do coração ainda na gestação (cardiopatia congênita), ou coágulos sanguíneos que se formam nas veias das pernas e podem ir para o coração e os pulmões (trombose venosa profunda e embolia pulmonar, respectivamente).
Os hábitos de vida inadequados estão entre os principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares como: consumo de álcool, tabagismo, sedentarismo e alimentação desequilibrada. Outros fatores, como colesterol alterado, hipertensão arterial, obesidade e diabetes, também estão relacionados a um estilo de vida prejudicial à saúde. Então a prevenção ainda é o melhor caminho para evitar ou, pelo menos, postergar algum problema cardiovascular. Isso porque, na maioria das vezes, ele não provoca sintomas e é identificado apenas quando ocorre uma situação mais grave como um ataque cardíaco ou um acidente vascular cerebral.
Mesmo com dados tão exorbitantes nas causas de mortes, ainda assim muita gente ainda acha esse “papo chato”, mas é fundamental manter uma vida saudável com alimentação equilibrada, com redução do consumo de sal, gorduras, açúcar e industrializados. Ingerir frutas, verduras e legumes diariamente reduz em até 30% os riscos de ter um infarto, indica a SBC. Também é essencial praticar atividades físicas regularmente e abandonar o tabagismo e o álcool.
E com a pandemia da COVID-19 os cuidados com o coração – e a saúde em geral – devem ser reforçados. Especialmente pelo risco elevado das pessoas com doenças cardiovasculares apresentarem sintomas graves causados pelo novo coronavírus e pela chance de agravamento da insuficiência cardíaca. Procure adotar bons hábitos para manter sua qualidade de vida e consulte o médico regularmente para verificar a saúde do sistema cardiovascular. O acompanhamento e a prevenção podem salvar vidas!
(*) Miguel Morita Fernandes da Silva é médico cooperado da Unimed Curitiba, cardiologista na Quanta Diagnóstico por Imagem e professor adjunto na Universidade Federal do Paraná. É mestre em Saúde Pública (Master of Public Health) pela Universidade de Harvard, doutor em Cardiologia pela Universidade de São Paulo e finalizou seu pós-doutorado em Pesquisa Cardiovascular pela Brigham & Women’s Hospital de Boston (EUA).
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