Algumas doenças são extremamente raras e demandam um tratamento específico e especializado, eventualmente de alta complexidade. Um exemplo são os tumores ósseos, que têm incidência aproximada de 10 casos novos por milhão de habitantes por ano e são diagnosticados e tratados em centros de alta complexidade com recursos e instrumentos especiais.
Está bem documentado na literatura médica que os resultados dos tratamentos são melhores quando o paciente é tratado em centros com alto volume daquela doença específica. A equipe médica, quando tem familiaridade com o quadro clínico, tem mais condições de indicar o melhor tratamento e surpreender variações do quadro que podem ser diagnosticados mais cedo e com maior precisão.
O mesmo se aplica às equipes de apoio e aos recursos de diagnóstico e tratamento que, pelo fato de terem mais experiência com os procedimentos, tendem a ter melhores resultados. Esta é a principal razão para os sistemas de saúde serem hierarquizados de forma que, quanto mais raras ou mais complexas as doenças e seus tratamentos, menos hospitais concentram aquele tratamento específico e se tornam referências regionais ou nacionais.
No caso da oncologia, existem, aproximadamente, 300 centros de referência no Brasil. O tratamento oncológico deve concentrar-se nesses centros de forma a oferecer as equipes mais preparadas e os recursos específicos para o melhor tratamento. Mas, mesmo entre os casos de câncer, existem alguns tipos mais raros e os tumores ósseos se enquadram nesta categoria. Por isso, mesmo entre os centros oncológicos, deveriam existir centros de referência para o tratamento dos tumores musculoesqueléticos, de forma a evitar a pulverização dos pacientes e permitir que poucos centros tenham alto volume de tratamentos e possam adquirir maior experiência.
* Edgard Engel é presidente da Associação Brasileira de Oncologia Ortopédica (ABOO)
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