Dra. X (é como vamos chamar nossa personagem) já estava acostumada com uma rotina agitada no trabalho. Inclusive, esse foi um dos motivos para ela escolher a medicina como profissão. Ela, que sempre gostou de desafios e de cuidar das pessoas, tornou-se uma cardiologista apaixonada. Sua vida profissional se dividia entre os plantões em um hospital da cidade onde mora e o consultório pessoal. Um dia, porém, entre um atendimento e outro, a vida dela e de todo o planeta virou de cabeça para baixo: a pandemia de Covid-19 havia se espalhado pelo mundo e todos precisariam se isolar.
O que já era uma preocupação para Dra. X, que acompanhava as notícias do que estava acontecendo do outro lado do mundo, havia se tornado real. No dia seguinte, os pacientes do seu consultório começaram a cancelar as consultas. Todos estavam com medo de sair de casa. Já no hospital, o trabalho só aumentava. Não paravam de chegar casos com a tal Síndrome Respiratória Aguda. As UTIs não davam conta e, muitas vezes, era preciso escolher os casos mais graves para ocupar os leitos.
Dra. X passou a sentir medo de se contaminar e ficar em estado grave, como tantos de seus pacientes. Pior: ela tinha medo de contaminar seu marido e sua filha de 4 anos. Por isso, quando ia para casa, ficava em um quarto separado e, ao encontrar com os outros em um mesmo cômodo, estava sempre de máscara. Somado a isso, não paravam de chegar mensagens no seu celular de pacientes com dúvidas sobre tratamentos e sobre prevenção. Não havia consenso acerca dos protocolos a serem seguidos, dados científicos estavam sendo questionados como nunca antes e ela precisava passar parte do dia refutando notícias falsas. A sensação era de que nunca saía do trabalho e Dra. X via o estresse, a tristeza, a ansiedade e a preocupação tomarem conta da sua mente. Até que ela chegou ao seu limite e precisou…