Recentemente, pesquisas publicadas no Brasil e em outros países como, China, EUA e Reino Unido, defendem que o Sars-CoV-2 pode aumentar a formação de coágulos nos infectados. E a trombose pode se manifestar não só durante a internação, nos casos mais graves, mas também nos casos mais leves, tratados em domicílio após a considerada cura. Por isso, é importante que pacientes façam o acompanhamento vascular mesmo depois de se recuperarem do vírus.
O presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), Bruno Naves, explica que no Sars-CoV-2 existe uma reação inflamatória intensa, que causa uma endotelite. O endotélio é a parede dos vasos, e ele precisa estar íntegro para que a passagem do sangue não crie turbilhonamentos. Quando ocorre uma inflamação, no caso do Coronavírus, acontece uma imuno-trombose desencadeada diretamente no revestimento do vaso, o que pode ocorrer em qualquer região do corpo, em artérias ou veias, levando à formação de trombos. “As manifestações trombóticas na doença têm sido muito frequentes, não só durante a fase aguda, mas também em até quatro semanas após a recuperação da infecção”, afirma Naves.
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No pulmão, que é o primeiro órgão onde o vírus entra em contato com o ser humano, pode acontecer inúmeras microtromboses que dificultam trocas gasosas, diminuem a oxigenação e facilitam o aparecimento de uma infecção que comprometa ainda mais a saúde do paciente. Se afetar o coração, corre o risco de haver um infarto ou inflamações do músculo cardíaco, a miocardite. Se for no cérebro, a encefalite, que pode ocasionar um problema cognitivo posterior. Em casos extremos, as tromboses arteriais podem levar à perda do membro ou disfunção de órgãos internos. “A gravidade dos casos vai variar de acordo com o segmento vascular acometido. Se a trombose é arterial, irá causar a falta de circulação local ou isquemia, se for trombose venosa, ocasionará uma congestão local que irá dificultar a saída de sangue ou a drenagem”, explica Naves.
Para evitar que o paciente tenha uma manifestação trombótica durante a internação e tratamento do Sars-CoV-2, assim que se internar, ele é classificado de acordo com um protocolo de prevenção de trombose que é usado rotineiramente nos hospitais para avaliar o seu risco. E após a avaliação dos dados, se necessário, ele recebe uma medicação anticoagulante preventiva.
Naves sugere o monitoramento dos pacientes que tiveram sintomas mais acentuados por quatro semanas após terem passado pela recuperação da infecção pelo vírus, podendo se estender por seis meses, até que seja complementado com o resultado de novas pesquisas feitas durante o período.
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