* André Pereira Neto, Camila Griebeler, Julyane Felipette e Letícia Barbosa
No vasto território brasileiro encontra-se inúmeras e diferenciadas situações de saúde que demandam enfrentamento por parte das políticas públicas e dos cidadãos, sejam eles profissionais ou não. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) acometem um contingente populacional significativo e demandam do Sistema Único de Saúde e dos cidadãos ações contínuas no sentido da prevenção e o tratamento dos agravos.
Dentre as DCNTs encontra-se o câncer. Trata-se de uma doença que se caracteriza pela multiplicação desordenada e inadequada de células no corpo humano. Para sua prevenção são implementadas políticas de detecção precoce. Para seu tratamento são empregadas modernas tecnologias.
Como formas de tratamento para o câncer têm-se basicamente três terapias: a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia. A Quimioterapia é uma terapia realizada por meio da administração de substâncias químicas, isoladas ou combinadas, que têm por finalidade combater a doença à nível celular. Neste processo a quimioterapia acaba por agir também nas células saudáveis do organismo, causando assim uma série de efeitos coletarias tais como náuseas, alopecia e imunosupressão.
O paciente oncológico sofre restrições físicas impostas pela doença e o tratamento quimioterápico. Além disso, o paciente sente-se abalado psicologicamente devido ao medo da morte e o isolamento social.
Os efeitos do isolamento social, decorrente da doença e seu tratamento, vêm sendo minimizados com o advento do compartilhamento das histórias, experiências e informações de pacientes em quimioterapia através das mídias sociais disponíveis na Internet. Com o incremento do acesso à internet via dispositivo móvel, essas interações síncronas e assíncronas dos pacientes permitem que eles se conheçam, amenizem suas angústias e compartilhem suas experiências e conhecimentos por meio dos compartilhamentos.
A pessoa que publica e compartilha suas dúvidas, experiências, conhecimentos medos e perplexidades nas mídias sociais, pode utilizar uma tag: etiqueta, que propicia que encontre outras pessoas que compartilham consigo a mesma condição/interesse/ afinidade. Este movimento é possível graças às características das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação. Com elas é possível que cada um de nós consiga publicar e compartilhar informações nos mais diversos websites se tiver acesso à rede e habilidades cognitivas para tal.
No artigo “#Quimioterapia: o que as pessoas publicam no Instagram?”[1] foi publicada uma análise da hashtag Quimioterapia (#quimioterapia). Esse artigo apresenta tags carregadas de significados. As vezes elas são expressas por palavras em descrições densas ou para nominar um momento singular. Assim, por meio da hashtag Quimioterapia (#quimioterapia) foi possível conhecer alguns sentidos e significados atribuídos a essa expressão através da perspectiva daqueles que realizam este tratamento. Por meio dessa hashtag também foi possível encontrar muitas postagens relacionadas com esse tema de interesse.
Ao conhecer os compartilhamentos com a hashtag Quimioterapia foi possível compreender que é importante conhecer o itinerário terapêutico das pessoas com câncer. Cada momento vivido por esses cidadãos no contexto dessa doença traz uma série de mobilizações que só quem vive essa condição conhece e se identifica.
A hashtag Quimioterapia é apenas um dos exemplos de comunidades virtuais que reúnem pacientes com uma determinada doença. Recomendamos que os profissionais e os usuários passem visitar esses ambientes. O compartilhamento de experiências nesses ambientes pode contribuir com o auto-cuidado sobre a quimioterapia.
[1] https://www.tempusactas.unb.br/index.php/tempus/article/view/2850
* Andre Pereira Neto é PhD em Saúde Publica pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1997) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desde 1989. Coordena o “Laboratório Internet, Saúde e Sociedade”, vinculado ao Centro de Saúde Escola Germano Sinval de Faria da Escola Nacional de Saúde Publica (ENSP) da Fiocruz
* Camila Griebeler – Associação Hospitalar Santo Afonso de Cândido Godói
* Julyane Felipette – Universidade Federal da Fronteira Sul
* Letícia Barbosa – Fundação Oswaldo Cruz
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