Ministros da Saúde dos países do BRICS discutem sobre avanço do sarampo

    Os ministros da Saúde dos países que compõem o grupo chamado BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – se reuniram nesta sexta-feira (25) em Curitiba (PR) para discutir diferentes assuntos comuns ao bloco, incluindo vacinação. O retorno e a disseminação do sarampo em várias regiões do mundo, inclusive no País, foram abordados durante a reunião.

    No caso do Brasil, o avanço do sarampo foi possível porque houve um “relaxamento” da população quanto à vacinação. A afirmação foi feita pelo ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta em entrevista à imprensa após o encontro com os demais ministros.

    “Você colhe o que plantou, no caso do Brasil. Relaxamos muito no Brasil inteiro. As pessoas acharam que essas doenças não tinham mais. Que sarampo não existia, que difteria não existia, que caxumba, rubéola não existiam mais. Outro dia, a seleção brasileira de futebol estava reunida e um jogador teve que se afastar porque ele desenvolveu caxumba. Se tivesse uma baixa vacinação, poderia ter pego no time inteiro. E se estivéssemos em uma final de Copa do Mundo e nosso maior craque amanhecesse com caxumba?”, questionou. 

    Por isto, Mandetta não apenas defende a vacinação, mas também que ela seja cobrada dentro diferentes estratégias. Ele cita como exemplo os médicos do trabalho, que poderiam exigir as carteiras de vacinação atualizadas dos trabalhadores de uma determinada empresa. Ou ainda quando são solicitadas os documentos no momento de matrículas nas redes de ensino. “Não precisaria impedir a matrícula da criança, mas pedir a carteira de vacinação e ajudar. Uma criança não vacinada pode ser o primeiro sinal de negligência. É um direito da criança. Ela não consegue ir na unidade de saúde para pedir a vacina”, salientou.

    O ministro da Saúde lembrou que a campanha nacional de vacinação contra o sarampo está em andamento. A primeira fase da mobilização, direcionada para crianças entre seis meses até cinco anos, terminou nesta sexta-feira (25). “Estamos em plena campanha, com portas das unidades de saúde abertas no Brasil inteiro. No mês de outubro nossa ênfase foram as crianças de seis meses a cinco anos. Percebemos que seis meses a um ano são as que respondem pior (com maiores riscos). Nesta faixa etária estamos chegando a meta que nos propusemos. Entramos no mês de novembro e vamos aos jovens. Questão de 15, 20 anos atrás só se aplicava uma dose de vacina contra o sarampo. Achava-se que dava a cobertura e viram com o tempo que não. Os jovens nesta faixa etária e adultos até 39 anos serão a próxima fase da campanha. Nesta fase também estão as mães e elas, quando imunizadas, transmitem anticorpos para seus bebês”, afirmou.

    Pólio

    Mandetta aproveitou para fazer um alerta sobre a poliomielite e também pediu para que a população brasileira não baixe a guarda quanto à vacinação contra esta doença. Nesta semana, a Comissão Global Independente para a Certificação da Erradicação da Poliomielite anunciou que a poliomielite selvagem tipo 3 foi erradicada do mundo. Isto foi considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um marco. O tipo 2 da poliomielite havia sido declarado erradicado em 2015.

    No entanto, seguem os esforços para erradicar o tipo 1, ainda presente em alguns países. Desde 1990 não há registro de casos de poliomielite no Brasil. No entanto, isto é garantido com a vacinação. 

    “Embora houve a emissão do certificado sobre a erradição da pólio 3, temos a preocupação e pedimos que façam a vacinação contra a pólio porque também caiu a procura por esta vacina, assim como havia acontecido anteriormente com o sarampo”, indicou o ministro.