Se em algum momento da sua vida, você vier a desenvolver uma doença crônica, ou grave, com prognóstico delicado, você quer saber de todos os detalhes da doença e do tratamento?
E na hora de tomar decisões sobre seu tratamento, você gostaria de participar dessas decisões ou prefere que uma outra pessoa tome a decisão por você?
Estudos mostram que a maioria das pessoas querem saber se tem uma doença grave, bem como a maioria deseja participar das decisões com relação ao seu tratamento e condutas a serem tomadas. Isso inclusive aumenta a adesão ao tratamento, se assim for decidido.
Você sabe o que é decisão compartilhada?
É aquela em que a decisão com relação ao tratamento e demais condutas e procedimentos é tomada em conjunto entre, a equipe de saúde – em especial o médico – o paciente e/ou a família.
Embora essa seja considerada a forma mais adequada de condução dos processos de adoecimento/tratamento/condutas e procedimentos, ainda nos deparamos com situações onde os profissionais ou tomam decisões de forma paternalistas considerando o que é melhor para o paciente sob seu ponto de vista, ou delegam a decisão para o paciente e família mas sem as devidas informações e orientações que devem embasar minimamente a tomada de decisão, tornando-a solitária.
Muitas vezes a família se encontra em situação de extrema fragilidade e vulnerabilidade, angustiada e sem saber como proceder nesse momento e lhe é exigido um posicionamento imediato, tendo em vista se tratar, em grande parte das vezes de um cenário complexo, delicado.
Nesse momento o profissional, que é quem tem o conhecimento técnico, precisa instrumentalizar e informar o paciente e/ou a família sobre as possibilidades de caminhos a serem seguidos e suas respectivas consequências, para juntos decidirem pela melhor alternativa, primando pelo conforto, pela qualidade do atendimento pautados na ética e na responsabilidade.
É importante lembrar que o plano e a tomada decisão compartilhada em se tratando de cuidados em saúde devem ser sempre baseados nas melhores evidências e associados aos valores, preferências, necessidades e cultura do paciente levando em consideração sua biografia, seus desejos previamente expressos e o princípio do respeito à autonomia, sempre que for possível exercê-la.
E em se tratando de tomada de decisão de cuidados de fim de vida e de questões acerca do processo da morte e do morrer é de extrema importância e urgência que seja garantido à essas pessoas momentos de fim de vida com qualidade, com dignidade e cuidado.
Dessa forma, com as devidas informações, com acolhimento, uma escuta empática e qualificada, com evidências científicas, preparo técnico, comunicação adequada, eficaz e fluída, empatia e compaixão é possível exercer a tomada de decisão compartilhada alinhada a uma autonomia solidária.
* Jociane Casellas é psicóloga formada pela Universidade Tuiuti do Paraná em 2000. Pós-graduada em Psicologia Clínica com ênfase na abordagem Sistêmica (UTP). Pós-graduada em Psicologia Hospitalar (HC-UFPR). Pós-graduada em Psicologia Transpessoal (FIE). Especialista em Cancerologia pelo programa de residência multiprofissional do Hospital Erasto Gaertner e Ministério da Saúde. Mestre em Bioética (PUCPR). Atuante em Cuidados Paliativos. Trabalha na área da saúde tanto na assistência como na docência, com temas sobre morte, luto, humanização, cuidado integral, comunicação em saúde.
Confira outras colunas de Jociane Casellas clicando aqui
Conheça também os demais colunistas do portal Saúde Debate. Acesse aqui.