No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, em 2 de abril, oftalmologistas alertam para um problema comum entre crianças portadoras do Transtorno do Espectro Autista (TEA): os problemas de visão. Segundo estudos médicos, crianças autistas têm 9% mais chances de desenvolverem doenças oftalmológicas, como o estrabismo, por exemplo, do que crianças sem o transtorno.
Isso acontece devido a uma maior alteração no processamento global, ou seja, a forma como as informações são processadas no cérebro são diferentes em pessoas com autismo. Por causa dessa alteração, eles têm excesso de sensibilidade a ambientes muito iluminados, barulhentos, e com luzes brilhantes. Se sentem muito incomodados nessas situações.
Leia mais – No mundo, estima-se que uma em cada 160 crianças tem transtorno do espectro autista
“Existem vários estudos sobre a função visual de pacientes com TEA. Muitos deles relatam capacidade aprimorada em visualização de imagens, tendo melhor desempenho na tarefa de encontrar objetos ocultos dentro de padrões. A maioria dos estudos, no entanto, mostram que eles têm uma maior propensão a desenvolver erros refrativos, principalmente o astigmatismo. Podem ainda apresentar maior chance de estrabismo, alteração da percepção de contraste e mesmo percepção da visão de profundidade”, comenta a oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, Dayane Issaho.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, em todo o mundo, uma em cada 160 crianças tenha o transtorno. No Brasil, os dados ainda são muito limitados, mas informações do Censo Escolar mostram que o número de alunos com autismo que estão matriculados em classes comuns no Brasil aumentou 37,27% entre os anos de 2017 (77.102) e 2018 (105.842). A recomendação é que crianças diagnosticadas com TEA devem passar por exames oftalmológicos frequentes para garantir que o erro de refração seja corrigido e as alterações oculomotoras sejam identificadas e tratadas precocemente. Quanto mais precoce o tratamento, melhor o prognóstico.
“Com o diagnóstico de autismo, os check-ups devem ser feitos ao menos uma vez no ano. Criança, diferentemente dos adultos, na maior parte das vezes não vai demonstrar dificuldade quando apresenta algum problema visual, por isso essas consultas são tão importantes. Erros refrativos (miopia, astigmatismo ou hipermetropia) devem ser corrigidos com uso de óculos. Muitas vezes, se percebemos visão preguiçosa (ambliopia), o uso de tampão ou colírios especiais são prescritos. O tratamento do estrabismo vai depender da causa do desvio, mas muitas vezes é cirúrgico”, aconselha Dayane.
Leia também – Curitiba inaugura nova sede de ambulatório referência no atendimento a pessoas com transtorno do espectro do autismo