Laboratório produz próteses para pacientes oncológicos

laboratório
(Foto: Ilustração/Pixabay)

Todo paciente que passa por tratamento ou cirurgia oncológica sabe das dificuldades do processo e da força de vontade necessária durante e após os procedimentos. Quando a operação envolve a região do rosto, a sensibilidade aumenta consideravelmente. Pensando em auxiliar na retomada da autoestima e superação dos traumas da luta contra o câncer, o Hospital Angelica Caron (HAC) implementou o laboratório de próteses bucomaxilofaciais, coordenado pela cirurgiã dentista Karin Barczyszyn.

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Especialista em Oncologia multiprofissional e pós graduanda em Prótese Bucomaxilofacial pela USP, Karin é a dentista da Clínica de Rádio e Quimioterapia (Clinirad). Ao todo, cerca de 30 pacientes já foram atendidos desde 2020.

O laboratório possui equipamentos para criação de próteses faciais (nariz, orelha, pálpebra), próteses obturadoras de palato e velofaríngeas para pacientes que sofreram mutilações devido ao câncer. “Reabilitamos não só a face, mas a vida destas pessoas. Além de curar o câncer, temos que devolver a dignidade aos pacientes, para que possam conviver em sociedade com qualidade de vida. As próteses ajudam a amenizar os traumas e melhorar a autoestima do paciente. Desde então, nenhum paciente operado no HAC deixou de ser atendido. Todos são reabilitados e muitos, inclusive, recebem atendimento prévio às cirurgias, quando são preparadas algumas peças que são instaladas no ato transcirúrgico, como as placas obturadoras de palato. Elas reduzem a necessidade de sonda para alimentação e devolvem a autonomia do paciente.”

O laboratório de prótese bucomaxilofacial foi montado com recursos da Oncologia, por iniciativa do médico Luciano Saboia, chefe da especialidade da Clinirad do HAC. Também há uma parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) que ajuda com a parte de biomodelagem 3D. “É extremamente gratificante saber que o paciente volta a sair de casa sem se sentir segregado ou chamar a atenção, após uma cirurgia mutilante. A maioria pode se alimentar sem sonda logo após a cirurgia, mesmo removendo grande parte da maxila. Isso é impossível sem a confecção das placas obturadoras, pois há escapes de alimentos via nasal e dificuldade de fala. Pacientes que tiveram órgãos como nariz ou olhos removidos nas cirurgias oncológicas também se beneficiam muito em poder usar uma prótese”, conta.

Engenharia 3D

A parceria com a UTFPR surgiu de uma história inspiradora. O professor José Aguiomar Foggiatto foi paciente da Oncologia do Hospital Angelina Caron e decidiu usar suas habilidades para ajudar os pacientes com sequelas graves para a doença. Ele mobilizou alunos do ensino técnico ao mestrado, da área de Engenharia Mecânica, para somar forças e produzir próteses bucomaxilofaciais. “Ao saber que eu trabalhava com impressões 3D na UTFPR, o médico Luciano Saboia, que me operou, comentou sobre a necessidade de se fazer as próteses faciais de maneira mais fácil e rápida. Fui apresentado à médica Karin Barczyszyn e começamos o projeto junto a alunos de iniciação científica, desenvolvendo métodos para conseguir agilizar a impressão de moldes”, relata o professor.

A equipe da UTFPR desenvolveu um método de criação de próteses faciais usando digitalização e modelagem no computador, a partir do caso de cada paciente. “Começa com a geometria do paciente. O molde é feito após a validação da geometria do nariz, com silicone médico no laboratório. Também estamos utilizando um molde feito em resina, de forma que não haja reação ou interação com outros materiais”.

O HAC é o primeiro hospital do Sul do Brasil com um laboratório específico para essa finalidade agregado à oncologia, com processo automatizado. “Nosso diferencial é ter um serviço próprio de reabilitação em prótese bucomaxilofacial. Isto facilita a vida dos pacientes, por poderem ser reabilitados no mesmo hospital da operação, e ajuda a equipe médica. Em uma semana, preparamos o paciente para receber uma prótese obturadora durante a cirurgia. E em poucos dias, conseguimos fazer próteses nasais, óculo palpebrais e de orelha, conforme a necessidade do paciente. É um serviço de alta complexidade e de fácil acesso aos pacientes”, detalha Karin.

*Informações Assessoria de Imprensa