Pele do idoso: atenções e cuidados

O envelhecimento causa alterações na pele tornando a mais frágil e vulnerável a danos. A intensidade das alterações depende de fatores internos como a genética, as reações metabólicas e produção hormonal. Fatores externos como a exposição à radiação solar, tabagismo, hábitos alimentares e uso de medicamentos como esteroides tópicos e sistêmicos influenciam na saúde da pele.

 

O ritmo de renovação e capacidade de regeneração da pele diminui com a idade. Com o passar do tempo, notamos a diminuição da espessura, o surgimento de manchas e alteração na coloração, a textura mais áspera e translúcida, a atrofia e contração na camada de sustentação com a perda de colágeno e elastina (diminuindo a elasticidade e o surgimento das rugas e dobras), diminuição da atividade das glândulas sudoríparas (tornando a termorregulação insuficiente para lidar com o calor), diminuição da atividade das glândulas sebáceas tornando a pele seca, diminuição da espessura da parede dos vasos sanguíneos e redução do suprimento sanguíneo para as extremidades¹.

 

Por fim, os vasos sanguíneos capilares que irrigam a pele ficam mais frágeis, tendo uma maior probabilidade do surgimento de manchas avermelhadas e hematomas na pele.

 

Portanto, podemos concluir que a pele dos idosos é realmente mais delicada e vulnerável que a de pessoas mais jovens, sendo importante adotar as dicas abaixo:

 

•      Observar a pele diariamente. A hora do banho é um excelente momento para a verificação: alterações como manchas, hematomas, vermelhidão, assaduras e todo tipo de lesão são sinais de atenção, possivelmente tornando necessária a avaliação por um profissional de saúde;

 

•      Tomar banho com água morna (nunca quente) e utilizar sabonetes líquidos ou produtos de limpeza para a pele. Escolher os que indiquem na embalagem pH equilibrado ou compatível com o pH da pele. Não utilizar buchas vegetais e esfregar a pele;

 

•      Hidratar a pele com produtos emolientes como pomadas, cremes e loções, preferencialmente após o banho e realizar movimentos suaves até a completa absorção. No idoso acamado não massagear áreas de proeminências ósseas e/ou áreas avermelhadas;

 

•      Manter limpa e seca a pele da região intima, na presença de incontinência urinária ou fecal evitar a exposição à umidade excessiva com trocas frequentes de fraldas ou absorventes, além do uso de cremes barreira e pomadas específicos para assadura (nos casos onde o tratamento clínico ou cirúrgico da incontinência não forem indicados);

 

•      Realizar a fotoproteção com roupas, chapéus, bonés, guarda-sol e aplicar filtro solar²;

 

•      Evitar aplicar adesivos, coberturas e fitas na pele. Se necessário preferir as que apresentem silicone na sua composição ou utilizar uma atadura para a fixação de curativos³;

 

•      Manter as unhas curtas e lixadas e evitar uso de adornos quando em contato com a pele³;

  

•      Garantir ambiente seguro com iluminação adequada e remoção de obstáculos para evitar o risco de quedas e traumas, pode-se utilizar acolchoamento para móveis e equipamentos potencialmente perigosos (por exemplo, grades da cama e cadeiras de rodas) ³;

 

•      Atentar-se com animais de estimação, pois podem causar traumas à pele³;

 

•      Considerar o uso de roupas de proteção (por exemplo, blusas de mangas compridas, caneleiras ou bandagens) nos casos de necessidade de auxílio para as atividades de vida diária como locomoção, higiene e vestimenta ou está acamado³;

 

•      Utilizar guindastes ou lençóis para a movimentação do idoso acamado juntamente com as outras medidas para prevenção de lesão por fricção e pressão;

 

•      Alimentar-se e ingerir líquidos adequadamente.

 

Referências

 

1.            Moncrieff G, Van Onselen J, Young T (2015). The role of emollients in maintaining skin integrity. Wounds UK. 2015. 11(1):68-74.

2.            Garbaccio JL, Ferreira AD, Pereira ALGG. Self-skinkare knowledge and practice described by elderly persons in the mid-west os Minas. Rio de Janeiro, Rev Bras Geriatr Gerontol. 2006 19(1), 45-56. doi:10.1590/1809-9823.2016.14237.

3.           LeBlanc K et al. Best practice recommendations for the prevention and management of skin tears in aged skin. Wounds International. 2018. doi: 10.1097/WON.0000000000000481

 

*Pollyanna Carneiro é Enfermeira Estomaterapeuta titulada pela Associação Brasileira de Estomaterapia – SOBEST, coordenadora da Unidade de Estomaterapia do Hospital do Servidor Público Estadual – IAMSPE e secretária da SOBEST (gestão 2018-2020), membro do Grupo de Pesquisa em Estomaterapia da EEUSP. Tem especialização em Gestão da Qualidade e Segurança do Paciente atuando principalmente na gestão em estomaterapia, assistência e no ensino.

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