O que se sabe da vacina contra Covid-19 até agora?

Cento e sessenta vacinas em estudo, com 28 em fase de estudos clínicos, quatro já na fase 3 da pesquisa com testes em humanos e uma já registrada. A corrida por uma vacina contra o coronavírus é mundial, envolve todas as principais empresas de saúde e biotecnologia do mundo, governos e estatais. Desenvolver uma vacina exige, normalmente, anos de pesquisas, mas a situação de pandemia levou o mundo a um investimento nunca antes visto em diversas plataformas de estudo para a imunização à Covid-19 e em pouco mais de um ano da declaração de situação de pandemia já poderemos ter a tão esperada vacina para o coronavírus.

Apesar de ser a única vacina já registrada no mundo, a vacina Sputnik V, desenvolvida pela estatal russa Instituto Gamaleya não é o projeto de imunização mais avançado. Diferente da legislação de outros países, a Rússia permite o registro de uma vacina antes mesmo da conclusão dos estudos clínicos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, no dia em que foi registrada, não havia informações sobre a conclusão dos estudos nas fases 2 e 3 dos testes clínicos da vacina russa.

O Paraná, inclusive, firmou uma parceria com a Rússia para os estudos dessa vacina. Clique no link abaixo para saber mais:

Paraná avança no entendimento com a Rússia para ampliar estudos da vacina contra Covid-19

Pesquisas mais avançadas

Assim, mesmo que ainda sem registro, outros quatro candidatos estão com as pesquisas mais avançadas. A vacina americana produzida pela empresa Moderna foi a primeira a ser testada em humanos e iniciou, em julho, a fase 3 dos testes (quando se aplica em milhares de pessoas e se compara segurança e eficácia com grupo de controle que recebe placebo). Na mesma situação está a vacina produzida pela universidade britânica de Oxford, que inclusive, tem parte dos testes realizados no Brasil, por meio de parceria com a Fundação Oswaldo Cruz.

País de origem do coronavírus, a China também tem duas vacinas já na fase 3 de testes. O Instituto de Produtos Biológicos de Wuhan (província que registrou o primeiro caso da doença) está aplicando sua vacina com vírus inativo em 15 mil voluntários dos Emirados Árabes Unidos. Também em testes no Brasil, a vacina do laboratório Sinovac chegou ao país em parceria com o Instituto Butantan. O convênio prevê a testagem em 9 mil profissionais de saúde brasileiros (população mais exposta à contaminação pelo coronavírus no mundo, neste momento) com o compromisso de, em caso de aprovação, haver transferência de tecnologia para a produção local da vacina. O Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná é um dos centros de saúde participantes da pesquisa.

Previsões

Em reunião da Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa do Paraná, realizada no dia 12 de agosto, a vice-diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mariângela Simão, disse que a previsão otimista da agência é que uma vacina para a Covid-19 só estará disponível ao público no meio do ano que vem. “Com um otimismo cauteloso, nossa expectativa é que possamos ter uma vacina disponível para os países em meados de 2021. Podemos até ver vacinas sendo colocadas no mercado antes disso, mas colocar no mercado não quer dizer que estará disponível. Há uma série de trâmites a serem enfrentados para se chegar a uma distribuição global”.

Liderando as discussões sobre vacina junto à OMS, Mariângela Simão lembrou que existem 160 candidatos a vacina em estudo no mundo, com diferentes tecnologias. Dos 160 candidatos a vacina, 132 ainda estão em fase pré-clínica: estudos laboratoriais e testes em animais. “Dessas, tradicionalmente, 10% tendem a avançar para a fase clínica”. Em fase clínica – testes em humanos – há 28 estudos. “A média é que 17% dos produtos de saúde em pesquisa clínica cheguem ao mercado”, aponta. As quatro pesquisas mais avançadas (duas americanas e duas chinesas) já passaram pelas duas primeiras fases da pesquisa clínica, e estão na fase 3, que testa a segurança e a eficiência da vacina com aplicação em larga escala e com comparação com grupo de controle (voluntários que recebem placebo para comparar resultados). “Após a fase 3, com todos os estudos disponibilizados e analisados de forma transparente, você procede para o registro em uma autoridade regulatória”.

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