“Mais casos suspeitos e próximos não devem levar à alteração de protocolo neste momento”, segundo médico infectologista

O Ministério da Saúde e secretarias estaduais e municipais já divulgaram uma série de recomendações e protocolos no caso da identificação do novo coronavírus no país. Mesmo com a comunicação de três casos suspeitos nesta terça-feira (28 de janeiro), nas cidades de Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR), não devem ser alteradas as medidas anunciadas até momento. Esta é a opinião do médico infectologista Jaime Rocha, vice-presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia. 

A Secretaria de Saúde do Paraná informou, na noite de 28 de janeiro, que são dois casos suspeitos em Curitiba, o que elevaria para quatro o número de pacientes investigados no país.

De acordo com Rocha, os casos suspeitos devem passar necessariamente pelo processo de confirmação. “Mesmo se houver confirmação, não deve acontecer mudanças nos cuidados que estão sendo orientados até o momento. Novos casos suspeitos vão continuar aparecendo em todos os lugares do mundo. Vivemos uma situação globalizada. Não é por ter um caso suspeito próximo a você, como agora, que a conduta deve ser alterada. A contenção de vírus respiratório é uma tarefa quase impossível. Se pensar em 2009, foram fechadas escolas, shoppings, na tentativa de fazer contenção do H1N1. A diferença é que aquele teve uma agressividade maior, atingindo um número maior de pessoas, com letalidade maior”, comenta.

Rocha ressalta que ainda não existem muitas informações sobre o novo coronavírus. Diante disto, não há motivos para pânico entre a população e a situação deve ser acompanhada com cautela. “A melhor forma de agir continua nos cuidados de prevenção contra transmissão de doenças respiratórias, a exemplo da higiene de mãos, evitar ambientes aglomerados, evitar sair de casa se estiver doente, a etiqueta de tosse (cobrir a boca com a manga do braço). Não há previsão de vacina e nenhum tratamento específico por enquanto”, salienta. 

Leia mais: Anvisa cria grupo para acompanhar situação do coronavírus

O novo coronavírus (nCoV-2019) não é uma variação dos coronavírus anteriores, já identificados e conhecidos, de acordo com Rocha. O primeiro deles é o do Oriente Médio (o MERS, do inglês Middle East Respiratory Syndrome); o segundo, o relacionado à síndrome respiratória aguda (SARS, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome). “Os dois anteriores ficaram reconhecidos a partir de animais. Esse novo coronavírus não tem ainda a origem confirmada. Há suspeita que possa ser cobras ou até mesmo de outros animais, mas ainda depende de confirmação. Ele não é uma variação dos anteriores, até porque existem vários outros coronavírus associados a resfriados comuns”, afirma. 

O vice-presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia lembra que, nos últimos anos, outros casos de transmissão de vírus respiratórios foram registrados em todos os continentes e de forma rápida. Foi o que aconteceu em 2009 com o H1N1, na época chamada de gripe suína, ou ainda com a circulação do H5N1, a Influenza Aviária. “E nós os dois coronavírus que circularam e continuam circulando pelo mundo”, enfatiza. Para Rocha, estes vírus são uma constante e merecem sempre atenção.

A Sociedade Brasileira de Infectologia reuniu mais informações sobre tratamento, sintomas e outras dúvidas sobre o coronavírus. Clique aqui para saber mais.