Hospitais alertam para a possibilidade de falta de medicamentos aos pacientes de Covid-19

Os hospitais do Paraná estão acompanhando de perto a manutenção de estoques e o comportamento do mercado para afastar a possibilidade de falta de medicamentos aos pacientes de Covid-19. O alerta para esse risco de desabastecimento foi feito pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) sobre os principais grupos de fármacos necessários à intubação e manutenção da ventilação mecânica nestes casos.

Segundo o conselho, conforme comunicado divulgado no dia 21 de junho, é necessária a racionalidade no uso desses produtos para evitar a possibilidade de falta de medicamentos para pacientes de Covid-19. Para isso, a recomendação indicada atinge os procedimentos eletivos, que devem ser suspensos até o controle da pandemia, desde que o adiamento não cause prejuízos ao paciente. 

O presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), Flaviano Feu Ventorim, explica que a pandemia de Covid-19 impactou diretamente na demanda e na oferta dos materiais utilizados no tratamento de pacientes. Assim como aconteceu com as máscaras e o álcool em gel no período de registro dos primeiros casos da doença no país, também existe uma movimentação diferenciada em relação aos fármacos mencionados.

“Em uma situação de pandemia como a que estamos vivendo, em algum momento começa a estressar o mercado. Algum hospital, eventualmente, tem relatado dificuldade de aquisição; outros têm estoque suficiente. O alerta foi divulgado para orientar os hospitais a cuidarem de seus estoques e monitorar isso no mercado”, afirma. 

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Ventorim relata que os hospitais e entidades do segmento têm mantido conversas diretas com a indústria e fornecedores para uma organização e distribuição mais adequadas dos materiais para evitar, assim, a falta de medicamentos aos pacientes de Covid-19. Em um cenário como o atual podem ocorrer encomendas maiores desses mesmos produtos por parte de órgãos públicos, por exemplo, para garantir estoques, o que afeta todo o mercado. “Atitudes como essa criam algumas distorções. Sentimos alguns hospitais com dificuldades, mas a maior parte tem estoque na sua programação. O alerta foi preventivo, assim como aconteceu com as máscaras em um primeiro momento. Estamos monitorando para que não falte nada num curto espaço de tempo”, comenta. 

Os fármacos citados no alerta são produzidos no país, mas dependem de matéria-prima vinda do exterior, em sua maioria. Trata-se de medicamentos controlados, cujo aumento na produção está atrelado à autorização do Ministério da Saúde. De acordo com Ventorim, não existe receio de que a indústria não consiga atender à demanda dos hospitais durante a pandemia, criando uma possibilidade de falta de medicamentos para pacientes de Covid-19. “Mas precisamos reforçar junto à população para a necessidade de prevenção, como o isolamento social, pois se houver um número grande de pessoas contaminadas de uma vez, isso vai gerar grandes impactos no sistema de saúde. Se vier de uma vez, não haverá quantidade de leito que resolva”, enfatiza. 

“A população não pode jogar a responsabilidade para o serviço público, nem para os hospitais. Não serão eles que resolverão a pandemia. Todos devem assumir a sua responsabilidade. Quando faço uma festa na minha casa e levo 20 pessoas, não estou sendo responsável com a sociedade. Enquanto não houver vacina, conseguiremos apenas tratar os doentes. E isso não é bom. Por isso, devemos investir na prevenção. Depois que a pessoa adoece, sabemos que uma parcela não consegue se recuperar. Queremos toda a população bem. Responsabilidade individual é que vai fazer com que o coletivo consiga se proteger”, reforça o presidente da Femipa.

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