Fevereiro Laranja: leucemia e a importância de se tornar um doador de medula óssea

    O mês de fevereiro foi escolhido para conscientizar a população sobre a leucemia e a importância de se tornar um doador de medula óssea. A Campanha Fevereiro Laranja também busca informar sobre o diagnóstico precoce da doença. Estatísticas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que a leucemia é o 9º câncer mais comum no sexo masculino e o 11º no feminino.

    O médico hematologista Eduardo Cilião Munhoz, do Mantis Diagnósticos Avançados, explica que a leucemia é uma doença que pode atingir de crianças a idosos e que tem o seu início na medula óssea, local onde são fabricadas as células sanguíneas e que dão origem aos glóbulos brancos, aos glóbulos vermelhos e às plaquetas.

    Confira abaixo as principais informações sobre quatro tipos de leucemia. Assim como qualquer outra forma de câncer, quando diagnosticada no início, as chances de tratamento são melhores.

    Leucemia mieloide aguda (LMA)

    Pode acontecer em adultos e crianças, mas a incidência aumenta com o avanço da idade. Tem o tempo de evolução curto, de poucas semanas, e a célula maligna que está envolvida é a imatura, quando uma célula sanguínea que ainda não atingiu a maturidade sofre uma mutação genética transformando-se em uma célula cancerosa. A medula óssea é invadida por essa célula e deixa de produzir as células saudáveis. Por causa dessa deficiência de produção é possível que a pessoa apresente um quadro de anemia, pela diminuição dos glóbulos vermelhos, infecção por diminuição dos glóbulos brancos e sangramento pela diminuição da produção de plaquetas.

    Para o diagnóstico é necessário fazer uma análise do paciente, verificando se está pálido, se há a presença de manchas roxas pelo corpo, aumento do fígado e baço, febre sem explicação e dor óssea, por exemplo. O hemograma detectará essas alterações. Depois é feito o exame de medula óssea que comprovará o diagnóstico. Também poderão ser solicitados outros exames, como o mielograma, realizado através de uma punção óssea, a imunofenotipagem, para verificar a linhagem celular, a citogenética, que vai analisar os cromossomos, e, em alguns casos, também é realizada a análise molecular. O tratamento para essa doença consiste em quimioterapia e, em casos com mau prognóstico, é indicado o transplante de medula óssea.

    Leucemia mieloide crônica (LMC)

    Na maioria dos casos a doença é diagnosticada em adultos na quinta década de vida, ou seja, aos 50 anos. A LMC tem como célula maligna envolvida a do tipo madura e diferencia-se de outros tipos de leucemia pela presença do cromossomo Philadelphia (Ph+), anormalidade genética nos glóbulos brancos, ocasionando uma fusão entre dois cromossomos, os de número 9 e 22.

    O tempo de evolução é mais longo e às vezes a pessoa fica sem ter conhecimento da doença por meses ou até mesmo anos. Como em muitos casos é assintomática, o paciente só descobrirá quando realizar um exame de rotina. No entanto, quando a pessoa perde peso sem explicação ou apresenta algum sintoma de anemia, é possível realizar hemograma para verificar se existe alguma alteração. E, assim como na LMA, poderá ser solicitado o mielograma, imunofenotipagem, citogenética, análise molecular e exame de medula óssea. O tratamento padrão consiste em quimioterapia oral e, em casos mais graves, é indicado o transplante de medula óssea.

    Leucemia linfoblástica aguda (LLA)

    É um tipo de leucemia que afeta as células linfoides e evolui de maneira rápida. A LLA é comum na infância, mas apresenta cerca de 80% de cura na infância. Apesar de apresentar mais casos na infância, alguns adultos também podem ser diagnosticados com a doença. Avaliar os sintomas é fundamental, principalmente em se tratando de crianças. Palidez, cansaço, sonolência, hematomas, manchas roxas, sangramentos prolongados, dores de cabeça e óssea são alguns dos sinais que devem servir de alerta.

    O diagnóstico também será realizado pelo hemograma completo, mielograma, citogenética, análise molecular e exame de medula óssea. O tratamento vai consistir em quimioterapia com medicamentos específicos para cada paciente e, em casos mais graves, é indicado o transplante de medula óssea.

    Leucemia linfocítica crônica (LLC)

    Afeta as células linfoides e tem desenvolvimento lento. Mais comum em idosos, estudos mostram que a LCC é uma doença dos glóbulos brancos adquirida ao longo da vida, mas ainda não se sabe os fatores para o seu surgimento. Esse tipo de leucemia muitas vezes também não apresenta sintomas e pode ser diagnosticada durante exames de rotina.

    Hemograma completo, mielograma, citogenética, análise molecular e exame de medula óssea ajudarão no diagnóstico da doença. O tratamento vai consistir em quimioterapia com medicamentos específicos para cada paciente e, em casos mais graves, é indicado o transplante de medula óssea.

    Como se tornar um doador

    Para se tornar doador é necessário realizar um cadastro no órgão que busca doadores no Brasil e nos registros estrangeiros, o chamado Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). Também é preciso ter entre 18 e 55 anos de idade, estar com a saúde em bom estado geral, não ter doença infecciosa ou incapacitante, não possuir diagnóstico oncológico, doenças hematológicas ou do sistema imunológico. Algumas questões de saúde não impedem a doação, mas é necessária a análise de cada caso por um especialista.