Estudo inédito em pacientes com diabetes tipo 2 sugere que a doença óssea é uma complicação crônica não controlada

    Em um estudo inédito realizado Fundação Pró-Renal, em parceria com o serviço de endocrinologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (SEMPR), demonstrou que a hiperglicemia (alta taxa de glicose no sangue) interfere negativamente para a saúde óssea, ocasionando em alterações ósseas, como fraturas, em pacientes com diabetes tipo 2.

    De acordo com a responsável pela pesquisa, Carolina Aguiar Moreira, pesquisadora do Laboratório de Patolologia Renal e Óssea da Fundação Pró-Renal, a pesquisa durou três anos e foi tese de doutorado do endocrinologista Vicente Andrade.

    Segundo a médica, o tema foi escolhido porque os pacientes com diabetes têm uma maior prevalência de fraturas, apesar de apresentarem uma densidade óssea normal. “A pesquisa proporcionou um maior entendimento do que ocorre no osso do paciente com este tipo de diabetes. E chama a atenção para a doença óssea no paciente com diabetes, a qual deva ser considerada como mais uma complicação crônica da doença”, explica.

    O estudo utilizou como metodologia mulheres jovens na pré-menopausa com diabetes tipo 2, com idade média de 41 anos e tempo de doença de mais de 9 anos. Entre as 26 pacientes que foram submetidas a biopsia óssea, 16 mulheres apresentavam controle glicêmico ruim e 10 em controle. Na histomorfometria ossea, técnica realizada no Laboratório P.R.O., foi observado que as pacientes com pior controle glicêmico apresentavam uma menor formação óssea sugerindo que a hiperglicemia interfere na função das células ósseas, contribuindo para alterar a qualidade óssea levando a fraturas, principalmente as vertebrais.

    Neste grupo de pacientes jovens, em 11% foi diagnosticado fratura vertebral, as quais também apresentavam redução dos parâmetros de formação óssea e outra complicações crônicas do diabetes. Mais informações sobre a qualidade e mineralização do tecido óssea nestes pacientes serão avaliadas em um laboratório austríaco, onde os fragmentos das biópsias foram encaminhados.

    “É importante que os médicos que cuidam de pacientes diabéticos saibam que além das complicações crônicas clássicas, como a nefropatia, retinopatia, neuropatia, o diabetes não controlado, também interfere na qualidade óssea, e isto predispõe a fraturas ”, ressalta Carolina. 

    O diabetes tipo 2 corresponde a 90% dos casos da doença e ocorre em pessoas obesas com mais de 30 anos (embora crianças e jovens também podem ser atingidos por causa dos maus hábitos alimentares, sedentarismo e estresse). Este tipo de diabetes é quando existe um excesso crônico de açúcar no sangue, ou seja, o organismo tem resistência à insulina e perde a capacidade de responder aos efeitos do hormônio. A doença pode desencadear diversas complicações, sendo as mais comuns o infarto, a perda da função renal e da visão. 

    Para consultar o estudo completo, acesse o link https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31587051/.