Escolas e famílias também alertam para os perigos do “desafio da rasteira”

As escolas estão alertando os próprios estudantes, além de pais e professores, sobre o “desafio da rasteira” ou “desafio do quebra-crânio”. Médicos e profissionais de saúde, além de entidades da área, já fizeram se pronunciaram sobre o assunto (confira aqui reportagem sobre os riscos à saúde). Mas isto também está acontecendo por meio de comunicados e conversas dentro da comunidade escolar. Segundo a presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Estado do Paraná (Sinepe), Ester Cristina Pereira, é importante mostrar para o adolescente o que pode acontecer em um “desafio” destes. 

“Quem assiste ao vídeo percebe o quanto os adolescentes estão inconsequentes. Falta empatia e não se consegue perceber o prejuízo que se pode causar ao outro. As escolas estão fazendo alertas e tirando um tempo para falar sobre este assunto, chamar a atenção para as consequências de uma atitude não pensada. É uma brincadeira de mau gosto que ‘viralizou’. Mas e tantas que não viralizam?”, questiona.

Ester lembra que a irreverência e a falta de noção das consequências são características da adolescência. No entanto, o adulto das relações deve mostrar o que pode acontecer. Isto cabe tanto às escolas quanto à família e à sociedade, na opinião dela. “Os adolescentes não pensam nas consequências e isso é próprio da idade. Nosso papel é a orientação. As escolas estão neste movimento e, conversando com alguns pais, soube que estas conversas sobre o que pode ocorrer em brincadeiras como esta também estão sendo feitas em condomínios”, relata.

A presidente do Sinepe salienta que a escola precisa estar preparada, e não apenas para proibir e coibir, mas também para explicar os motivos. “A partir disto, o jovem vai pensar mais vezes antes de fazer”, comenta. 

Tripé contra o desafio da rasteira

No Colégio Positivo Junior, de Curitiba (PR), o assunto já veio à tona logo na primeira semana de aula, no mês de fevereiro. A direção do colégio decidiu divulgar um comunicado aos pais, solicitando que orientassem os filhos visando a preservação da saúde. Paralelamente, o treinamento das equipes de pátio (inspetores e assistentes educacionais) foi reforçado para redobrar a atenção com os estudantes e possíveis aglomerados de crianças e adolescentes. 

“As equipes diretivas também passaram de sala em aula para conversar com os alunos e fazer reflexões sobre o assunto. Conversamos sobre este ‘desafio’ e também outros exemplos. E prontamente os próprios alunos citaram outras ‘brincadeiras’ e sites nos quais é possível encontrar ideias para ‘desafios’. Isto mostra como o assunto já estava entre os estudantes”, diz Juliane Gomes, vice-diretora do Colégio Positivo Junior. “Mas a resposta foi muito positiva, após esta rodada de conversas. Os estudantes, por iniciativa própria, fizeram vídeos alertando sobre como estas práticas não são saudáveis”, conta.

De acordo com ela, a escola precisa sempre estar um passo à frente em um mundo tão veloz e que lida com conteúdo “viralizado”. “Quando passamos nas salas de aula, a maioria já sabia do que se tratava. De fato, a escola precisa estar muito atenta. E este é um trabalho conjunto com a família”, ressalta.