Como a desospitalização de pacientes estáveis pode ser uma estratégia na pandemia?

    A desospitalização de pacientes pode ser considerada uma boa estratégia durante a pandemia de Covid-19, conforme apontou um estudo conduzido por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). A pesquisa mostrou que utilizar a terapia antimicrobiana parenteral ambulatorial (OPAT, na sigla em inglês), quando possível, traz benefícios tanto para os pacientes quanto para os hospitais, com significativa economia financeira. O método também aumentaria a oferta de leitos, o que gera um grande impacto durante a pandemia de Covid-19.

    A OPAT consiste na desospitalização de pacientes, internados por diversos motivos, que estão estáveis, mas permanecem na instituição com o objetivo de tratar alguma infecção, para que concluam esse tratamento em casa ou, se necessário, retornem ao hospital apenas para receber a medicação.  “Os pacientes internados em todas as especialidades e que estão clinicamente estáveis são avaliados diariamente pela equipe de OPAT. Quando seu perfil se enquadra para o processo de desospitalização, o paciente é orientado e direcionado para deixar o ambiente hospitalar e retornar aos seus lares e ao convívio familiar”, explica o infectologista Felipe Tuon, professor da Escola de Medicina da PUCPR, que participou do estudo.  

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    A partir daí, o paciente recebe a medicação para autoministrá-la em sua própria casa ou retorna ao hospital somente para receber a aplicação dos medicamentos, dependendo de cada caso.  

    Para essa pesquisa, os dados foram coletados entre junho de 2017 e maio de 2020, com o acompanhamento de 225 pacientes do Hospital Universitário Cajuru (HUC), localizado em Curitiba (PR) e ligado à PUCPR. Os resultados, de acordo com Gustavo Loesch, um dos responsáveis pela pesquisa, indicaram uma economia próxima de R$ 1 milhão a cada dois anos, além de uma redução no risco de aquisição de novas infecções causadas por bactérias multirresistentes pelos pacientes. Além disso, o tempo médio de internação por paciente reduziu de 33,5 para 15,7 dias, aumentando a oferta de leitos. Hoje, esses leitos poderiam ser destinados a pacientes com quadros graves de Covid-19. 

    Os pesquisadores pretendem expandir o modelo do estudo para outros hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). “Neste momento, estão sendo trabalhados outros artigos de aprofundamento a respeito do tema, para que tenhamos maior robustez na apresentação de nossa proposta para outros hospitais da rede pública”, diz Loesch. 

    As conclusões do estudo, intitulado “Cost minimization analysis of outpatient parenteral/oral antibiotic therapy at a trauma hospital: Public health system”, foram publicadas no periódico científico “Infection Control & Hospital Epidemiology”, da Cambridge University Press, editora da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.  

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